Não pude deixar de reparar
naquela cena. Girando uma pequeníssima flor entre os dedos, estava uma mulher
com a cabeça abaixada. Levantou os olhos para aquele amarelo que rodopiava, e
deixou cair uma gota de água no chão. Ela estava sentada e a lágrima passou-lhe
por entre as pernas, fazendo um som curto e opaco no corredor de cor branca.
Ela secou os olhos com o peito da mão direita. A janela mais próxima dela não
concordava com aquela situação: os raios de sol a atravessavam, esbarrando em
seu rosto agora delicado pelo pranto. Ajeitou-se mais para o outro canto do
banco. Colocou a florzinha na palma da mão. E hipnotizou-se. Quase quinze
minutos passaram sem que ela se movesse novamente. Seus grandes olhos piscaram,
para facilitar a queda da dor. Os lábios, antes trêmulos, sorriam pateticamente
agora. Um sorriso nervoso, de quem não sabe o quê fazer. Levou a flor aos
lábios. Aspirou. “Eu te amo tanto.... por que faz isso comigo?” – resmungou
para si mesma. Voltou a rodar a flor entre os dedos, olhando ansiosamente pelo
corredor branco. Uma porta se abriu e lá
do fim um vulto lhe chamou. A mulher levantou-se apressadamente e correu para o
quarto. O sol já tinha se posto. Pouco tempo ela ficou no quarto. Saiu de lá
abraçada com uma senhora. Chorando copiosamente, não tinha sequer forças para
caminhar. Não sei de onde vieram mais pessoas para ajudar aquela senhora a
erguer a mulher. Quando a levavam embora, passou por mim. Vi quando ela me
olhou com seus olhos inchados. Tive vergonha e abaixei minha visão. Depois que
se foi, reparei naquela florzinha amarela. Estava toda maltratada. Amassada. Jogada
próxima a mim. Olhei-a por um tempo. Tinha intenção de recolhê-la. Mas a visão
da flor foi prejudicada por um tecido branco. Uma mulher de branco
apressadamente pegou a flor e jogou-a no lixo...
Chá é algo que fui aprendendo a gostar. Tenho os meus preferidos, claro. Não sou muito adepto do chá preto puro, mas gosto das combinações que fazem com ele. Às vezes, me sinto como o capitão Picard. E, às vezes, uso a desculpa do chá para ter uma caneca quente para segurar nos dias mais frios. No verão, chá mate gelado, claro. O chá tem sido meu companheiro – ou companheira – durante os momentos que recebo visitas. E elas sempre chegam aqui em minha casa. Estou eu ali quieto, fazendo as minhas coisas, e ouço alguém batendo à porta. Eu já sei que, nesse momento, as coisas mudarão. Eu me levanto da cadeira ou do sofá, passo pelo corredor e abro a porta. E ali está a visita. Às vezes ela está sorridente. Em outros momentos, triste. Muitas vezes séria. De vez em quando com raiva. Eu simplesmente a deixo entrar: não tenho outra opção. Não mais... Enquanto ela toma um assento, eu vou para a cozinha e preparo o meu chá. Eu tento não ser mal educad