Quero um shamisen. Tocado por uma gueixa. Quero ir visitar
Hanamachi. Para colher suas flores e cerejas. Quero que a noite caia sobre
Pontocho. Ir à casa de chá. Encontrar uma maiko. Conversar com a okasan.
Diferenciar a yujo da gueixa. Quero dança. Comida. Alma. Quero Quioto.
Elegância sob tez branca. Coque. Quero, um dia, sorver três goles de três
taças. Sansan-kudo, en musubi. Viver. Morrer. Ter as cinzas espalhadas sobre a
plantação de arroz. Ser tragado pela terra e deslizar pela garganta, enfim, duma
gueixa. Tocando shamisen.
Era aquela maldita caveira novamente. - Ei, puto, chegue cá! E ela veio, meio cambaleante, com seu ritmado compasso de fêmur. Caveira mexicana. Sorria com os amarelados-pontos-temerosos-de-dentistas. Trazia um charuto entre os finos dedos da ossatura direita. - Mas o que faz aqui novamente, peste? - Sabe como é, caveirando... Invejando os que têm carne. - Porra, esse povo deve tomar um susto, hein! - Nem me fale. Não sei porque tanto medo. Uma caveirinha tão simpática como eu. Coçou as costelas. - O que é isso aí? - Isso o que? - Preso aí, velho. - Presente para usted. E retirou uma grande garrafa de rum. - Conseguiu onde? - Dei sorte. Geralmente nessa época, só encontro aguardente sem graça. Isso eu roubei de macumba de rico. Ele cuspiu. - Cacete, macumba?!