Preciso de cordas novas pro meu violão!
Quero daquelas de alta tensão,
Das boas, das que dão tesão,
Das que gritam quando tocadas,
No lugar certo: acariciadas.
Quero que minhas unhas cresçam!
Para que às notas ascendam,
Brilhos, unhas malditas, apareçam!
Da maciez da polpa à rigidez:
Cordas tensas estão em escassez...
Talvez eu precise de um violão novo!
O meu já está cansado de tanto estorvo;
Ele não me seduz: "és um corvo!"
Um novo viria bem a calhar,
Talvez à música eu voltasse a amar.
Como posso voltar a tocar,
Sem uma nova madeira amansar,
Sem um novo ébano relar?
Desejo o negro dos seus olhos, mulher!
Na falta do ébano, o músico a quer:
Seu corpo à madeira envelhecida,
Seu sorriso de cereja embebida,
Seu cabelo de náilon enegrecido,
Seu beijo nunca recebido...
O que falta em mim, sobra em você, mulher!
Era aquela maldita caveira novamente. - Ei, puto, chegue cá! E ela veio, meio cambaleante, com seu ritmado compasso de fêmur. Caveira mexicana. Sorria com os amarelados-pontos-temerosos-de-dentistas. Trazia um charuto entre os finos dedos da ossatura direita. - Mas o que faz aqui novamente, peste? - Sabe como é, caveirando... Invejando os que têm carne. - Porra, esse povo deve tomar um susto, hein! - Nem me fale. Não sei porque tanto medo. Uma caveirinha tão simpática como eu. Coçou as costelas. - O que é isso aí? - Isso o que? - Preso aí, velho. - Presente para usted. E retirou uma grande garrafa de rum. - Conseguiu onde? - Dei sorte. Geralmente nessa época, só encontro aguardente sem graça. Isso eu roubei de macumba de rico. Ele cuspiu. - Cacete, macumba?!