Tocou-lhe as mãos. Brincou
com seus dedos. Pequenos. Delicados. Entrelaçaram os dedos. Tocou-lhe os
lábios. Primeiro com os dedos. Boca. Olhou. Lágrimas. Não chore. Tenho medo de
perder você. Já estou perdido, não acha? Não! Viver preso é o mesmo que a
morte. Ilusão, meu anjo, de anjo. Amo você. Eu sei, por isso faço o que
preciso; por te amar! Mas... Não chore! Tocou-lhe os seios. Beijou o pescoço.
Agarrou a cintura. Amo você! Deitaram-se. Pernas macias. Cabelos soltos. O
aroma de sexo. O calor do quarto. O calor da rua. Término. Agora temos de
fazer. Já é hora? Sim. Tenho medo. O medo passará, sabe que na hora a gente não
sente. Sei. Vamos.
Mãos dadas. Rua gritante.
Bulha. Muitos. Homens. Mulheres. De um lado. Autoridades do outro. Mas não são
os mesmos? Somos “nós”, porém, eles não enxergam isso. Triste. É. O rio passava
logo ali, lambendo a virilha da terra verde. Molhou os lábios. Mal começara e
já sentia sede. Mas não era hora. Carregou a arma. Estava pronta. Seu amor
também. Tocou-lhe as mãos. Brincou com seus dedos. Pequenos. Delicados.
Entrelaçaram os dedos. Tocou-lhe os lábios. Primeiro com os dedos. Boca. Olhou.
Lágrimas. Secou-as. Não é hora de pranto. Todos estaremos mortos antes do
meio-dia. É necessário: liberdade tem preço. Alto demais. A liberdade, amor. E
deu-se o embate. O rio desvirginara a terra, molhando-a de sangue. Mais
autoridades mortas do que os comuns. A Liberdade.
Eles morreram. Mãos dadas.
Dedos entrelaçados.